quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

A ILUSÃO DO CARNAVAL



Segunda-feira de carnaval, Brasil folia. A TV sempre noticiando a alegria do folião e artistas, as fantasias, curiosidades regionais. Sempre com muita alegria e descontração. Homens vestidos de mulheres e mulheres de homens, artistas de todo o canto do país manifestando por cultura e paz, respeito e não deixando como sempre, de criticar políticos e entidades do poder com alegria carnavalesca, samba no pé, ou qualquer outra dança, ou musica que fazem foliões de todo o pais cantar, dançar, gritar, afinal, dizem os organizadores. “É o carnaval mais democrático”. Tudo isso misturados a relatos de violência, brigas, assaltos, assassinatos, furtos, assedio, tumultos, arrastões, afinal, é carnaval, ou melhor, é carnaval no Brasil.

Em meio a pausa numa pesquisa para um texto que trata sobre a relação do cinema com a história do homem e tudo o que ele representa na construção da identidade do ser e suas condicionalidades representativas do cotidiano, hora de ver o mundo. O mundo festivo orgânico, ou seja, as reproduções dos acontecimentos do mundo real pela tv, redes sociais, internet. O mundo real também é o universo paralelo que são as redes, nos conectam a maior festa do mundo. O universo paralelo é o mundo real. As redes, sociais e informativas nos faz sentir dentro do carnaval, com a vantagem de podermos ir de estado a um piscar de olhos. Mas o mundo, mesmo com o carnaval, não para e está existindo e trabalhando com o mesmo relógio, incessante e sedento de contemporaneidade, abundante e existente.

E passam carnavais e o mundo é o mesmo, e tudo se passa na calmaria do lar. A canção “Ten years gone” do Led Zepellin tocando ao fundo enquanto palavras saem da ponta da caneta, sim, o mundo é o mesmo. E mesmo com tanta tecnologia, escrevo a punho. A música, num momento diz: “then as it was, then again I twill” (então como era novamente) porque o mundo é o mesmo. O mundo é o mesmo desde quando existimos, e mesmo que continuemos existindo, pulando carnaval, vivendo de acordo com a batida do tempo, o mundo será o mesmo.

O mundo real, subjetivo e virtual nos informa todos os dias isso, estão nos dizendo que virá mais carnavais, com alegria, folia, fantasias, e com o elemento que é essencial para a nossa cultura de aceitação e de transformação, para que enfim possamos ser os mesmos.



terça-feira, 20 de outubro de 2015

Pegadas na areia


















Pegadas na areia foi o que quis deixar,
Nada eterno, só caminhar na borda
Do mundo
Sentir que a lua é a mesma e que sempre nos
Impressionamos com ela.
Surge como fogo em meados da noite.
Pegadas na areia são lembranças ou dejavu
De uma mente esquecida, não se  lembra
Que o mundo é mal
E que saber disso machuca.
Pegadas na areia...
Deixei sem memória.
Pegadas na areia...

As ondas apagaram.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

O Portal














O que o homem ver quando entra em seu próprio portal?
Verás o que deverias ver,
Como se fosse ver um mundo do jeito que nenhum
Homem deveria ver.
E você estará com você,
Sem limites ou rédeas,
Apenas o compasso do seu coração.
Explosões de amor, explosões de horror.
Mas serás um.
Um parêntese no tempo,

Ar de gloria e gratidão.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Rumores



















Me desnudo toda vez que canto, assim como lhe queimo
Quando me visto de fogo.
Palavras que saem da minha boca que por vezes não compreendo,
Mas as sinto como se estivessem cravadas em meu coração.
Certos dos caminhos traçados, mas incógnito na divindade do ser,
Ser ou não ser não me basta,
Não me basta o que te limita e não me importo.
Inquietudes me tomam a alma e me conforta no desejo de viver,
No existir, no meu cantar.
Me desnudo quando sinto teu corpo, quando me faço poeta,
Quando sinto o infinito.
E queimo todas as incertezas de quem me apavora, de quem se faz
De forte e não sentem a leveza de ser o que os eleva.
Me desnudo quando sinto sede e me faço sede dos seus olhos.
São caminhos, paixões e humor
Rumores de dias melhores.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Poema do (des) concerto




 


















Eu, inexorável como a ferrugem dos meus cabelos,
Num encontro penetrante de minha existência.
Transbordando inquietudes, paciência e persistência.
O Eu esgotado do que foi, do que será.
O que será dos passos traçados?
Sim, ando descalço pois tenho o chão para me calçar,
Um reconhecimento da plenitude de um ego esguio.
Dos dias constantes de vida, beijos e poesia.
De uma literatura camuflada  cheia de nós e eu.
O que diria quem nos ver vencido?
A gloria encontra-se em nossos dias
Os nossos dias que serão pertinentes aos acasos e descasos,
Como no dia em que o outono nos encontrou em solidão.
Como na taça de vinho de Baudelaire,
Como na estrada de Kerouac,
Como nos processos de Kafka,
Como as paixões de Neruda e as putas de Garcia.
Pertinentes e cheios de vida.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Sem sentido
















Nitidez, eu sinto o mais puro gosto.
Pode ser mel, é doce.
Vejo também imagens ásperas e belas,
Um relevo difícil de explicar.

Ouço uma musica de ressonância que contagia a
Atmosfera, tocando, encantando
Tudo que se expressa em formas palpáveis e espaciais.

As vezes não tem nada haver, ou passa despercebido,
É o tripé sensorial... Faz sentido.
Talvez tenha haver com solidão, euforia...
Emoção.
O mel pode ser o vinho que bebo,
O relevo, as coisas inúteis que toco,
A música o alento.

O resto de inspiração...

Só não podemos ser o vinho barato, um objeto
Inerte e inútil, ou a musica que tenta agradar,
Sem muito sucesso.



terça-feira, 30 de setembro de 2014

Ode a Spinoza





"As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas só temos um conhecimento parcial e estamos na completa ignorância da ordem e da coerência da natureza como um todo".
- Barush Spinoza





Roubaram tudo que restava. Da força física
Ao coração vazio.
Deixaram uma luz, mas por si só não resolverá.
Apenas um coração. Há penas pelo chão da asa de um anjo...
Quem será que perdeu?
Doutro lado onde queremos chegar, não é fácil,
Há uma gôndola sem remo, sem ânimo.
Esparsas pessoas que não almejam por não saberem o que
Querem,
E o que você quer? Como voar com as asas cortadas?
Diante de um turbilhão, não entendo as pessoas.
Não entendo o parecer dos reis, dos juízes
Do juízo que te apanhou.
Do rancor fundamentado. Do porquê de ser força,
Se pode ser natureza?